O Sport Club Corinthians Paulista é um dos principais clubes de futebol do Brasil. A agremiação foi fundada no dia 1 de setembro de 1910 em São Paulo. Desde então, o clube obteve grandes conquistas e reconhecimento na modalidade.
Em 1910 o futebol no Brasil era um esporte elitizado. Os principais clubes eram formados por pessoas que integravam as classes mais altas. Entre eles estavam o Club Athlético Paulistano, o São Paulo Athletic Club[nota 1] e a Associação Atlética das Palmeiras.[nota 2] Integrantes de classes sociais mais baixas somente praticavam o futebol nos chamados times de várzea, formados pelos próprios.
Contra esta tendência, um grupo formado por cinco operários da Companhia de Estrada de Ferro São Paulo Railway, mais precisamente Joaquim Ambrósio e Antônio Pereira (pintores de parede), Rafael Perrone (sapateiro), Anselmo Correia (motorista) e Carlos Silva (trabalhador braçal), paulistas do bairro do Bom Retiro. Era 31 de agosto de 1910 quando estes trabalhadores foram assistir ao jogo de um "scratch" londrino que estava dando o que falar em sua excursão pelo Brasil.[1] No Rio de Janeiro, os ingleses tinham goleado o tetracampeão carioca Fluminense Football Club, por 8 a 0; em São Paulo, tinha vencido com contundência o Paulistano (5 a 2), uma das maiores forças do futebol paulista daquela época. Naquele final de agosto de 1910, o Corinthian Team enfrentava AA das Palmeiras (atual bicampeão paulista), no campo do velódromo. E mais uma vez, o time inglês levaria a melhor sobre uma equipe brasileira, vencendo por 2 a 0.[1][2]
Após a partida, não faltaram discussões comuns sobre um lance ou ouro e, em meio àquela conversa durante a volta para casa, os cinco rapazes depararam-se com um terreno baldio na esquina da rua José Paulino com a rua Cônego Martins, que fez com que o grupo parasse e o contemplasse. O terreno amplo, seco, e quase nivelado, costumava despertar a atenção de moradores do Bom Retiro e funcionários da São Paulo Railway, desejosos de vê-lo transformado em um campo de futebol. E já impressionados pela atuação do time inglês, o grupo formado por Joaquim Ambrósio, Carlos Silva, Rafael Perrone, Antônio Pereira e Anselmo Correia, em uma rápida conversa, estabeleceu que no dia seguinte, 1° de setembro, deveria realizar uma reunião com a participação de alguns convidados (demais moradores do bairro). Em pauta, a fundação de um time.[1] Rafael Perrone lembrou que a chuva poderia atrapalhar a reunião, já que o grupo e os convidados reunir-se-iam em plena via pública, na rua José Paulino, em frente ao terreno. Então, sob a luz de um lampião, às oito e meia da noite, todos já discutiam o futuro do clube sonhado. Primeiro, formaram a diretoria para, quatro dias depois, os escolhidos tomarem posse na reunião que se realizou na casa de Miguel Bataglia, o presidente eleito.[1][2][3]
Dia 5 de setembro, às 20 horas em ponto, a sessão foi aberta e começaram os debates. Joaquim Ambrósio foi o primeiro a falar, sugerindo a denominação de Corinthians em homenagem à equipe inglesa que realizara grandes exibições há alguns dias. Todos concordaram e ficaram de pé, em sinal de aprovação.[nota 3] Com sua voz rouca pela emoção de declarar aprovado o nome do clube, Miguel Bataglia levantou-se e disse: "Está adotado o nome de Sport Club Corinthians Paulista para o nosso grêmio".[1] Mas havia algumas dificuldades a ser vencidas, como a aquisição de uma bola e do campo da José Paulino. Como não dispunham de recursos, o jeito foi iniciar uma campanha para angariar sócios. Houve muitas dificuldades para que os moradores participassem do quadro associativo, mas o Corinthians foi crescendo e o número de adeptos era maior do que o de não-adeptos.[1]
Para se comprar a primeira bola, uma lista percorreu todo o bairro, pois era necessário 6 mil-réis para se adquirir o principal instrumento do novo time. Mas, por conta de uma exigência dos diretores corintianos, só poderia contribuir quem fosse sócio. Sobre o balcão de uma lojinha na rua São Caetano, os diretores derramaram os tostões, duzentos-réis e até vinténs que completavam o preço daquela bola de capão oficial. Todos queriam tocar naquele instrumento que rolaria pelos campos da várzea paulista. Foi a primeira etapa vencida, com sacrifício, por aquele grupo de idealistas que queria mudar os rumos do futebol paulista, então elitizado e reservado apenas para um determinado grupo social, formado por ricos e estudantes, enquanto pobres e analfabetos eram excluídos.[1]
O futuro campo escolhido foi mesmo o terreno na rua José Paulino. Este local abrigava anteriormente um depósito de lenha e por esta razão ganhou o apelido de "Lenheiro". Capinado pelos próprios jogadores, ele foi inaugurado com um treino que teve Rafael Perrone como capitão do time A e Anselmo Correia, goleiro e capitão do time B.[2]

Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabbi, Cézar Nunes e Joaquim Ambrósio.
Era domingo, 14 de setembro de 1910, quando o Sport Club Corinthians Paulista entrou em campo oficialmente pela primeira vez. O adversário escolhido era o União da Lapa - vestido de bege e preto -, uma das mais respeitáveis equipes do futebol varzeano da cidade.[1][4][5][6] A primeira formação corintiana em campo foi: Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabbi, Cézar Nunes e Joaquim Ambrósio.[2] Embora o adversário vencesse o encontro por 1 a 0, o resultado surpreendeu equipes mais tradicionais do futebol da cidade, pois o União era considerado um quadro de respeito, logo, a derrota mínima do Coríntians foi tida como um bom resultado.[1]
A primeira vitória do Corinthians viria no jogo seguinte contra o Estrela Polar. Luiz Fabbi entrou para a história corintiana ao marcar o primeiro gol do clube (ele também marcaria o segundo).[2]
No terceiro "match" da história do Corinthians, o adversário escolhido foi a Associação Atlética da Lapa. Havia certo temor por parte dos corintianos, já que a equipe rival era formada apenas por ingleses, considerados mestres do futebol na época. Também seria a primeira vez em que o Corinthians atuaria em campo adversário.[1] Mas o "o pequeno do Bom Retiro", como era carinhosamente chamado, não se intimidou com a Atlética Lapa e venceu por goleada: 5 a 0. Após a vitória, houve festa no bairro do Bom Retiro. O time que despertava curiosidade e simpatia aos que acorriam à várzea para assistir à prática de bom futebol.[1] O Corinthians foi ganhando a simpatia popular através de suas humildes exigências: na ficha de sindicância - para o quadro associativo era mais credenciado aquele que se apresentasse como operário comum, trabalhador braçal, enfim, todos os interessados, pois não havia preconceito de cor nem privilégios para esse ou aquele.[1]
Até então, o Corinthians não possuía uniforme e jogava com camisas comuns, brancas, de trabalho diário. Empolgados com o desempenho, os corintianos compraram para si um uniforme: camisas creme, com gola, punho e barras pretas - como era o uniforme do Corinthian inglês. Contudo, com o decorrer das lavagens, o creme desbotou e as camisas ficaram brancas. Como não havia disponibilidade para a compra de mais um uniforme, o branco juntou-se ao preto dos calções e assim ficou determinado as cores do time.[1]
Naquele início de década de 1910, o futebol de várzea paulistano era dominado sobretudo pelos times Alianças, Parnaíbas, Argentinos e Domitilas, clubes que detinham muita fama. Mas o Corinthians despontava como "o galo brigador do Bom Retiro" e se firmava no cenário futebolístico da cidade, especialmente com o belo futebol de um jovem de 17 anos, chamado Neco. Ele atuava apenas no chamado "segundo quadro" (um elenco de menor importância que o time principal), mas não precisou de muito tempo para subir para a equipe titular e se transformar em um dos maiores ídolos da história da equipe.[2]
Mas as pretensões corintianas eram maiores que à várzea e o sonho era jogar no Velódromo Paulista, na rua da Consolação, o grande estádio da época, que pertencia ao Paulistano e onde atuavam equipes da elite paulistana, como o Mackenzie e a AA das Palmeiras.
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Em 1913, divergências geraram uma dissidência entre os clubes que disputavam o Campeonato Paulista - então organizado pela Liga Paulista de Foot-Ball (LPF).[nota 4] Paulistano, AA das Palmeiras e Mackenzie abandonaram a LPF devido à inclusão de clubes mais populares da cidade, como o Corinthians e o Clube Atlético Ypiranga,[7] e porque a LPF tinha a intenção de mandar os jogos do campeonato no Parque Antártica, enquanto o Paulistano insistia pelo Velódromo.[8]
Os três dissidentes fundaram a Associação Paulista de Sports Atléticos (APSA), que seria responsável pela organização de um campeonato mais elitista, paralelo à LPF.[8][9] Permaneceram na LPF outros três clubes: o Sport Clube Americano, o Sport Club Germânia e o Sport Club Internacional - o que os fez ser conhecidos como os Três Mosqueteiros. O Corinthians foi o primeiro time a se integrar ao trio e, a partir daí, os corintianos adotaram o mosqueteiro como mascote. O mosqueteiro corintiano era o autêntico D’Artagnan, o quarto personagem de Alexandre Dumas.[3][nota 5]
Mas para disputar o estadual da Liga Paulista, o Corinthians precisaria passar por uma seletiva com outros clubes varzeanos. O primeiro adversário foi o Minas Gerais, do bairro do Brás. Os corintianos venceram por 1 a 0 e se classificaram para enfrentar o São Paulo, do bairro do Bixiga, em duelo que valia uma vaga no Paulista da LPF daquele ano. Os corintianos golearam por 4 a 0 e se classificaram para a tão sonhada competição. Os heróis daquela jornada foram: Casemiro do Amaral, Fúlvio e Casemiro González; Police, Alfredo e Lepre; Cézar Nunes, Peres, Luiz Fabi, Rodrigues e Campanella.[2] Com o feito, o Corinthians disputaria a competição junto com Americano, Germânia, Internacional, Ypiranga e Santos Futebol Clube. A estréia do Corinthians na história do Campeonato Paulista foi contra o Germânia, em 20 de abril de 1913, em duelo que terminou com vitória adversária, pelo placar de 3 a 1. Nos quatro jogos seguintes, foram três derrotas (para Internacional, Americano e Santos) e um empate (Ypiranga). A primeira vitória corintiana viria no dia 7 de setembro, um 2 a 0 contra o Germânia. Nas três partidas seguintes, mais três empates (com Internacional, Ypiranga e Americano). No final do Paulista de 1913, o Corinthians terminou na quarta colocação, com seis pontos ganhos (uma vitória, quatro empates e três derrotas, oito gols a favor e 16 contra).[10][nota 6] De positivo, o time revelaria dois futuros ídolos: Neco e Amílcar.[2] Ainda no ano de 1913 foi criado o primeiro escudo corintiano. A princípio era apenas composto pelas letras "C" e "P" maiúsculas, de Corinthians Paulista.
A temporada seguinte seria marcante para a história corintiana. Com apenas quatro anos de existência, o time conquistou seu primeiro título paulista - pelo campeonato da LPF de 1914. O Corinthians sagrou-se campeão de forma invicta, com 10 vitórias em 10 partidas, 37 gols marcados e 9 gols tomados.[11][nota 7] Com 12 gols, Neco foi o artilheiro da competição.[12][13] A equipe que conquistou o primeiro título da história corintiana era formada por: Sebastião, Fúlvio, Casimiro II, Police, Bianco, César, Américo, Peres, Amílcar, Aparício, Neco, entre outros. Ainda naquele ano, o Corinthians realizou sua primeira contra uma equipe estrangeira, o Torino. Os italianos venceram por 3 a 0.[14]
Em 1915, o Corinthians ficou de fora do Paulista daquela temporada.[15] De olho em uma vaga no campeonato da liga rival (que dava mais prestígio), o clube resolveu abandonou a Liga Paulista. Arrependido, tentou voltar atrás, mas era tarde demais. Sem ter onde jogar, os melhores jogadores corintianos foram emprestados e o resto da equipe passou a temporada fazendo amistosos no interior.[2]
O Sport Club Corinthians Paulista voltou a disputar a competição em 1916. A base da equipe era a mesma que havia conquistado o primeiro título paulista dois anos antes.[5] E, assim como em 1914, os corintianos venceriam o Paulista de 1916, novamente invictos, batendo a Associação Atlética Maranhão (3 a 1), o Sport Club Alumni (6 a 0), o Ruggerone Foot-ball Club (W.O.), o Sport Club Luzitano (2 a 0), a Associação Atlética Campos Elíseos (3 a 1), o Paysandu Foot-ball Club (2 a 0), o Americano (1 a 0) e o União da Lapa (3 a 1).[16]
Em 1917, após as primeiras duas mudanças no escudo corintiano, este ganhou um formato redondo, utilizado até a atualidade. Também naquele ano, a Liga Paulista de Foot-Ball foi dissolvida e seus filiados foram integrados à liga da Associação Paulista de Sports Atléticos. Com isso, a entidade passou a se chamar Associação Paulista de Esportes Atléticos[8] e o Campeonato Paulista de 1917 teria pela primeira vez duas divisões: a primeira foi formada pelos clubes da APEA e o Corinthians (último campeão da extinta LPF), e a segunda, composta pelos demais times que jogaram na competição da LPF em 1916.
Também pela primeira vez, o estadual teria a presença do chamado "trio-de-ferro", composto àquela época por Paulistano, Societá Sportiva Palestra Itália e Corinthians.[2][8] E o campeonato foi dominado por esse trio, com Paulistano, Palestra e Corinthians nos respectivos primeiro, segundo e terceiro postos.[17] No primeiro encontro dos corintianos com seu futuro maior rival no futebol, a vitória foi palestrina, pelo placar de 3 a 0.[nota 8]
Nos dois anos seguintes, o Corinthians não conquistou títulos. Em 1918, o time foi vice-campeão do Paulista de 1918, em um campeonato marcado por cancelamento de partidas (que não influenciavam a decisão do título) devido à epidemia de gripe espanhola.[18][nota 9] Na temporada seguinte, o Corinthians terminou o Paulista de 1919 na terceira colocação, terminando atrás dos rivais Paulistano e Palestra Itália. No entanto, os corintianos venceram pela primeira vez um clássico contra os palestrinos, 2 a 1, no dia 9 de novembro de 1919.[19]
Ainda no final da década de 1910, o clube realizou sua primeira partida fora do Estado de São Paulo. E por intermédio de Alcântara Machado, a prefeitura de São Paulo arrendou em 1918 um terreno na chácara do Floresta, na Ponte Grande (atual Ponte das Bandeiras, próximo do Rio Tietê), onde foi construído primeiro estádio corintiano. Os próprios atletas ajudaram a para erguer o campo da Ponte Grande.[
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O Corinthians iniciou a década de 1920 com mudanças em seu escudo, que teve adicionado um círculo com o nome do clube e o ano de fundação, além da Bandeira de São Paulo no centro.[carece de fontes] Repetindo as duas temporadas anteriores, o Corinthians chegou na terceira colocação nos Paulistas de 1920[20] e 1921,[21] edições que mais uma vez foram dominadas por Paulistano e Palestra Itália. Contudo, há de se destacar duas pujantes goleadas corintianas nestes dois campeonatos. A primeira delas sobre o Santos, por 11 a 0, no dia 11 de julho de 1920. Este resultado é até hoje a vitória por maior diferença de gols a favor do clube em todos os tempos. No torneio do ano seguinte, o Corinthians aplicou a maior goleada de sua história: 12 a 2 frente ao "mosqueteiro" Internacional, no dia 23 de outubro de 1921.
Os nove anos seguintes foram gloriosos para o Corinthians. Dos nove Campeonatos Paulistas disputados entre 1922 e 1930, o time faturou seis, sendo dois tricampeonatos (1922-1923-1924 e 1928-1929-1930).
O Paulista de 1922 foi um dos mais importantes da história corintiana. Primeiro, porque, naquele ano, comemorava-se o centenário da Independência do Brasil. Segundo, porque a troféu em disputa - a "Taça do Centenário da Independência" - foi conquistado no jogo contra o poderoso Paulistano, o time da elite e espécie de antítese corintiana naquele início de século.[2] Na campanha vitoriosa, o Corinthians venceu 14 partidas, empatou duas e perdeu apenas outras duas, ficando um ponto a frente do rival Palestra Itália.[22] Entre os heróis de 1922, estavam o zagueiro Armando Del Debbio, o meia Tatu (autor de um dos gols do título) e o atacante Gambarotta - sem deixar de mencionar ídolos já consagrados Neco e Amílcar.[2]
A mesma base vitoriosa seria mantida para as duas conquistas seguintes. Os corintianos faturaram o bicampeonato no Paulista de 1923 com 14 vitórias, um empate e duas derrotas. Um dos momentos especiais da equipe corintiana foi a goleada por 4 a 1 sobre o Palestra, no dia 8 de julho. No segundo turno, os rivais palestrinos resolveram nem entrar em campo, e o Corinthians venceu por W.O..[23]
Já o tricampeonato no Paulista de 1924 foi conquistado somente na última rodada. Corinthians e Paulistano disputaram ponto a ponto a liderança do torneio e chegaram até a rodada decisiva empatados em 23 pontos. E os dois rivais se encontrariam justamente na última rodada e o vencedor do confronto seria o campeão paulista de 1924. E no duelo disputado no dia 11 de janeiro de 1925, o Corinthians venceu por 1 a 0 e ao tricampeonato estadual.[24]
Na temporada seguinte, no entanto, o Corinthians deixou escapar o quarto título paulista consecutivo. Invicto até o encerramento da penúltima rodada, o alvinegro perdeu o última partida na competição, diante do rival Paulistano. O título do Paulista de 1925 acabou com a Associação Atlética São Bento, com 16 pontos, um a frente de Corinthians (vice-campeão) e Paulistano (3º colocado).[25]
Em 1926, o Corinthians se aventurou na compra de um novo campo. O clube trocou o campo da Ponte Grande pelo do Parque São Jorge, cujo terreno foi comprado junto ao empresário Nagib Salem por 700 contos de réis (moeda da época), em várias prestações, quando lá existia apenas um campo. O estádio foi construído aos poucos e ganharia o nome de estádio Alfredo Schürig, mas carinhosamente passou a ser conhecido como Fazendinha.[26] Também naquele ano, o futebol paulista teve uma nova cisão, quando o Paulistano rompeu com a APEA e decidiu criar uma nova liga de futebol, denominada Liga de Amadores de Futebol (LAF). A divisão perdurou por três temporadas.[9] O Corinthians permaneceu na APEA e disputou o Paulista daquele ano desta liga, mas terminou a competição na terceira colocação (atrás do Palestra Itália e do Auto Sport Club).[27]
Em 1927, o Corinthians foi convidado para integrar a LAF e chegou a aceitar a oferta da liga rival, mas no último momento desistiu e retornou à APEA. O Paulista daquele ano foi dominado pelo Palestra. Como consolo, os corintianos bateram os campeões palestrinos por 3 a 1 na última rodada e lhe tiraram a invencibilidade no torneio. O clube do Parque São Jorge terminou a competição na terceira colocação.[28]
No final da década, o Corinthians seria tricampeão Paulista pela segunda vez. Tendo como maiores rivais Palestra e Santos, o Corinthians faturou o Paulista de 1928 com um jogo de antecipação. O título paulista foi conquistado diante da Associação Portuguesa de Desportos, com uma vitória por por 3 a 2 no dia 25 de novembro de 1928.[29]
Contra a mesma Portuguesa e novamente com um jogo de antecipação, o Corinthians faturou o bicampeonato no Paulista de 1929. O time do Parque São Jorge arrasou - no dia 3 de novembro de 1929 - o adversário com uma goleada por 7 a 1. Para coroar a grande conquista, mais uma goleada, desta vez contra o maior rival Palestra Itália: 4 a 1.[30]
O Paulista da APEA em 1930 ganhou a adesão de alguns clubes que deixaram a LAF - e com isso, a liga foi extinta pelo Paulistano. O Corinthians liderou de ponta a ponta o torneio, sempre acompanhado de perto de Palestra Itália, Santos e São Paulo da Floresta. O Corinthians chegou a última rodada com 42 pontos e só não seria campeão se fosse derrotado pelo Santos, que somava 40 pontos. Se o time do litoral vencesse, haveria a disputa de um jogo-extra para definir o campeão. Mesmo precisando apenas de um empate, os corintianos arrasaram os rivais santistas, vencendo a partida - disputada em 4 de janeiro de 1931 - por 5 a 2. Com mais estes cinco gols, o ataque corintiano chegou ao total de 94 em 26 jogos, com a fantástica média de 3,6 gols por partida.[31]
A base do time quase não mudou nestas três conquistas: Tuffy, Pedro Grané e Del Debbio; Nerino, Guimarães e Munhoz; Filó, Apparício, Neco, Rato e De Maria. Grande destaque para as atuações do legendário trio formado pelo goleiro Tuffy e os zagueiros Pedro Grané e Del Debbio, dos atacantes Filó (um novo ídolo dos corintianos) e Neco (que se despedia do futebol, após 19 anos de dedicação ao clube do coração, e se consagrando como um dos grandes ídolos da história corintiana).[